Bypass gastroduodenal

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BYPASS GASTRODUODENAL

O Bypass Gastroduodenal (BGD) ou Cirurgia de Capella (quando é adicionada a colocação de um anel) é o procedimento cirúrgico bariátrico mais realizado no Brasil. Realizado por laparoscopia, o procedimento associa a confecção de um pequeno reservatório gástrico à uma nova rota intestinal criada ao se excluir as primeiras porções intestinais (duodeno e jejuno) do trânsito alimentar, causando restrição alimentar e redução da absorção intestinal, respectivamente.

Apesar dessas modificações, a maior parte do estômago (excluída do trânsito alimentar) é mantida dentro do abdome. Embora permaneçam ligadas ao tubo digestivo, essas partes excluídas (estômago remanescente, duodeno e jejuno) não entram mais em contato com os alimentos.

Quando o estômago é reduzido, além de se comer menos, uma substância conhecida como Grelina (hormônio da fome) é drasticamente reduzida, causando diminuição acentuada no apetite. O trânsito alimentar também é reduzido, uma vez que o alimento não passa mais pelo duodeno e jejuno, ocasionando redução na absorção de gorduras e açúcares. Ao chegar diretamente à porção final do intestino delgado (íleo), o alimento libera substâncias conhecidas como Incretinas (hormônios intestinais), que promovem saciedade, diminuem o movimento intestinal e estimulam o pâncreas a produzir mais insulina.

Alguns sintomas pós-operatórios podem ocorrer quando a aderência do paciente à dieta não é regrada. O consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcares, uma vez que já não são completamente absorvidos, causa alterações no hábito intestinal e flatulência. Alimentos muito calóricos, como doces, podem causar mal-estar com sintomas generalizados conhecido como dumping.

É fundamental que pacientes submetidos a esse procedimento aprendam a mastigar e comer devagar, reduzindo o volume de alimentos ingeridos.

O percentual do excesso de peso perdido pode alcançar 60% a 70% do peso original. Contudo, existe a possibilidade de readquirir o peso perdido principalmente após 5 anos da cirurgia. Diante disso, o acompanhamento multidisciplinar nos períodos pré e pós-operatórios são fundamentais para que os resultados alcançados sejam mantidos.

O BGD propicia a melhora do diabetes tipo 2 em cerca de 80 a 95% dos casos. O índice de cura para o diabetes (quando a medicação não é mais necessária) pode alcançar 80% dos pacientes operados. Sem dúvida, o tratamento cirúrgico é o melhor tratamento para o diabetes nos pacientes obesos e é considerado superior a qualquer esquema de tratamento clínico. Além disso, o BGD tem efeito benéfico no controle das dislipidemias (aumento dos níveis de colesterol e triglicérides). Pode também ser discutido e indicado como tratamento do refluxo gastroesofágico em obesos.

Os pacientes submetidos a essa cirurgia enfrentam algumas situações de deficiência nutricional decorrentes da má-absorção. Anemia por carência de ferro, queda nos níveis das vitaminas D e do complexo B, bem como a deficiência de outros nutrientes podem estar presentes e são facilmente corrigidos no seguimento de rotina do período pós-operatório.

As principais complicações do BGD são a trombose (alteração da coagulação relacionada à obesidade) e as fístulas (abertura de grampos utilizados na cirurgia). Porém, são eventos raros e que podem ser minimizados com o uso de tromboprofilaxia (anticoagulantes) e técnica cirúrgica adequada.

A mortalidade ocasionada pela cirurgia é muito pequena (0,2%) e é comparável a de uma cirurgia para remoção da vesícula biliar. Vale ressaltar que a mortalidade cirúrgica é muito inferior à mortalidade que a obesidade e suas doenças associadas impõem.

A definição do tipo de procedimento cirúrgico deve ser individualizada e baseada na discussão entre paciente, cirurgião e equipe multidisciplinar (endocrinologia, psicologia, nutrição) para que os resultados almejados possam ser alcançados e sustentáveis.

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